terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Eleição no Flamengo Pega Fogo

 

Eleição do Fla tem 'guerra' por votos com musas, inauguração de obra e mimos a sócios

Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro


A disputa dos votos nas urnas não foi a única que dominou a eleição do Flamengo na última segunda-feira. No pleito que apontou Eduardo Bandeira de Mello como presidente para os próximos três anos, a batalha também foi acirrada nas alamedas da sede da Gávea. E a chapa da mandatária em exercício Patricia Amorim "apelou" para conquistar os homens da votação rubro-negra.
O grupo da presidente contratou cerca de 30 modelos de uma agência e apostou nas musas para minimizar a diferença nas urnas, que só crescia ao longo do dia. E esta não foi a única "arma" da situação. Patricia inaugurou até uma obra no dia da eleição - um estacionamento e terreno ao lado da sede - para conquistar a preferência dos sócios. A oposição respondeu, oferecendo inúmeros mimos, como cortesias em clubes e espaços próximos, além de vans para buscar eleitores em casa na "guerra" pelo poder no rubro-negro.

Foto 7 de 12 - Zico posa com Eduardo Bandeira durante as eleições do Flamengo Mais Fernando Azevedo/Fla Imagem
"Não há nada de ilegal", defendiam os líderes partidários dos grupos. Mas a tática das beldades de Patricia era, no mínimo, ousada. "Trabalhamos em uma agência e estamos aqui para nos aproximar dos sócios indecisos e pedir voto. Mulher bonita sempre ajuda. E trabalhamos com sensualidade", explicou uma das modelos, que preferiu não se identificar.

PATRICIA RECONHECE DERROTA NO FLA, E BANDEIRA DE MELLO VENCE ELEIÇÃO

  • Divulgação/Fla Imagem Com pesquisas contraditórias e números conflitantes nas intenções de votos divulgadas durante a corrida eleitoral, o resultado da eleição do Flamengo foi uma incógnita até esta segunda-feira, data da votação realizada na sede do clube, na Gávea. A dúvida, porém, não durou mais que duas horas. Com larga vantagem desde as parciais no início do dia, Eduardo Bandeira de Mello derrubou a atual presidente, Patricia Amorim, que reconheceu a derrota na tentativa de reeleição, com 914 votos contra 1.414 da chapa de oposição vencedora
Uma companheira, sem medo das declarações, revelou ser vascaína e afirmou que só queria saber do dinheiro. "Torço para o rival e só estou aqui pelo trabalho, pelo dinheiro, pelo pedido da agência", salientou Luciana Barbosa, de 24 anos.
As musas, porém, não vingaram. E foram derrotadas por um modelo completamente oposto. Militantes da Chapa Azul, em sua maioria homens, revelaram não terem recebido nenhum centavo e mostravam acreditar apenas em um ideal de mudança.
"Não precisamos colocar mulher bonita e apelar deste jeito. Ganhamos na ideia, no debate do que é melhor para o clube. Temos um grupo de aproximadamente 50 voluntários aqui dentro da sede e mais tantos outros lá fora, que nem sócios são. Nos reunimos, ligamos para algumas centenas de associados, explicamos a proposta da chapa, a ideia de mudança e deu certo. O resultado mostra isso. A questão do estacionamento é apenas para facilitar. Hoje é um dia histórico, onde a militância superou alguns vícios políticos e elegeu a oposição do Flamengo", comentou o economista Edmilson Varejão, de 29 anos, enquanto acompanhava um senhor de idade avançada até a cabine de votação.
"Faço isso pelo Flamengo. Ele quer ver a mudança. Vamos ajudá-lo a votar aqui", completou o entusiasmado militante do grupo que comandará o rubro-negro nos próximos três anos. E os simpatizantes da Chapa Azul chegavam dos lugares mais diversos do país. Grupos de Minas Gerais, Acre, Piauí e Amazonas deixaram seus estados para fortalecer a campanha da oposição que saiu vencedora.
  • Pedro Ivo Almeida/UOL Militante da Chapa Azul (D) acompanha um idoso durante votação na eleição do Flamengo na Gávea
  • Pedro Ivo Almeida/UOL Van utilizada por uma das chapas para transportar eleitores durante a "guerra" eleitoral no Flamengo
"Saí de Cuiabá e voltarei para lá em apenas algumas horas. Minha passagem foi rápida no Rio de Janeiro, mas importante. A necessidade de mudança do modelo me motivou e estou confiante. O principal é mostrar para a situação que, mais que um clube do bairro do Leblon, o Flamengo é uma força nacional. Gastei quase R$ 2.000, sem pedir nem um café em troca. Acho que é por isso que uma gestão de exploradores do clube jamais conseguirá dominá-lo", contou o advogado da União e professor universitário Marcus Castro, de 37 anos.
Marcos Braz dividido
E enquanto alguns sócios não escondiam suas opções políticas, um importante ex-dirigente do Flamengo fazia mistério. Evitando se comprometer com os grupos em disputa, Marcos Braz, ex-vice de futebol, conversou com Patricia Amorim, Bandeira de Mello e Jorge Rodrigues em clima cordial e lançou o tradicional "estamos juntos" a todos.
No fim, na pesquisa de boca de urna, não revelou seu voto. Ele ainda espera uma chance para voltar à diretoria e comandar o futebol, como fez nos títulos da Copa do Brasil de 2006 e do Brasileiro de 2009.
Funcionários choram derrota de Patricia
Apesar da felicidade da maioria dos votantes e de grande parte da torcida, muita gente na Gávea ficou chateada com a vitória de Bandeira de Mello. Funcionários e sócios ligados a Patricia Amorim não escondiam a tristeza com a derrota da atual mandatária nas urnas e chegaram a chorar no início da noite.
Desde o final da manhã, quando a Chapa Azul disparou na pesquisa de boca de urna, era possível perceber o semblante fechado e aflito de muito. A principal preocupação de alguns era com a possibilidade de demissão dos funcionários rubro-negros ligados à situação. A oposição, porém, prefere não se antecipar aos fatos e disse que não irá ocorrer nenhum tipo de "caça às bruxas" e demissões em série no início da gestão.

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